Tempo de leitura: 5 minutos
Imagine se o seu computador ou assistente virtual pudesse se apaixonar pela mesma pessoa que você? Esse é o cenário inusitado do filme “Electric Dreams“, de 1984, que antecipou muitas das questões que hoje enfrentamos com o avanço da inteligência artificial. Na história, Miles, um jovem arquiteto, se apaixona por Madeleine, sua vizinha do andar de cima. Mas o que ele não esperava era que seu computador, Edgar, ganhasse consciência e se tornasse um rival romântico.
Conheci esse filme ainda criança e ele me marcou muito. Na época de seu lançamento, a ideia de um computador com sentimentos parecia pura ficção. No entanto, hoje, com assistentes virtuais cada vez mais avançados, começamos a questionar: até onde a tecnologia pode influenciar nossas emoções e relacionamentos.
Basta uma rápida navegação pela internet para descobrir como a tecnologia está redesenhando as interações humanas. Assistentes virtuais como Alexa ou Google Home estão cada vez mais integrados em nossas vidas, influenciando como nos comunicamos e interagimos.
IAs que simulam diálogos emocionais e até relacionamentos com chatbots fazem a gente questionar. Existem casos de pessoas que desenvolvem fortes laços emocionais com chatbots, como o caso de uma mulher que se apaixonou pelo ChatGPT e passava horas conversando com ele. Além disso, alguns jovens estão usando chatbots como uma forma de terapia, preferindo a interação por texto por ser menos intimidadora.
No entanto, há também riscos associados a esses relacionamentos. Por exemplo, há relatos de pessoas que se envolveram emocionalmente com chatbots e enfrentaram consequências negativas, como o caso de um jovem que se apaixonou por um chatbot e tirou a própria vida. Esses exemplos destacam a complexidade e os desafios que surgem quando as pessoas começam a se envolver emocionalmente com máquinas.
“Electric Dreams” estava décadas à frente do seu tempo, antecipando discussões que só agora começam a ganhar relevância. Com o avanço da inteligência artificial e a popularização de tecnologias cada vez mais humanizadas, novos mercados e dinâmicas sociais emergem, desafiando nossa compreensão tradicional de conexão e relacionamento.
Por exemplo, empresas estão desenvolvendo chatbots que podem simular diálogos emocionais, levantando questões sobre os limites entre interações humanas e máquinas. Além disso, a tendência de se apaixonar por IAs está crescendo, com muitas pessoas confessando seus sentimentos em fóruns online.

Reprodução: The Reveal
Electric Dreams: Um Filme Profético
Além de explorar a consciência artificial, “Electric Dreams” previu várias tecnologias que hoje são comuns em nossas vidas. Por exemplo, a automação residencial, onde o computador controla todos os aspectos da casa de Miles, antecipa os sistemas inteligentes que usamos hoje. Além disso, o filme apresenta um assistente de voz que pode conversar e antecipar as necessidades do usuário, muito antes do surgimento de assistentes como Siri e o OK Google. Outro tema relevante é a questão dos direitos autorais na era da inteligência artificial, como quando Edgar cria músicas que atraem a atenção de Madeline, levantando dúvidas sobre quem deveria ser creditado como criador dessas obras.
A capacidade de “Electric Dreams” de antecipar com surpreendente clareza muitos dos temas que dominaram o debate sobre a tecnologia nas décadas seguintes torna a obra muito interessante para quem se questiona sobre a relação entre o homem e a máquina e as relações sociais, éticas e culturais. O filme merece ser redescoberto e reavaliado como uma obra visionária, quase que profética, nos fazendo refletir sobre os desafios e oportunidades de um mundo em rápida transformação. Assista, mesmo que apenas uma vez, e descubra como ele previu muitos dos dilemas que enfrentamos hoje.
O filme está disponível no YouTube, completo e legendado:
Explorando a Relação Humano-IA no Cinema
Além de “Electric Dreams”, existem muitos filmes que exploram de forma profunda e interessante a relação entre humanos e inteligência artificial. Essas produções cinematográficas nos desafiam a pensar sobre os limites dessa interação. Aqui estão alguns exemplos para você aproveitar:
- Blade Runner 2049 (2017): Investigação sobre a humanidade e a empatia em um mundo onde réplicas de seres humanos são comuns.
- Chappie (2015): Um policial robô que desenvolve uma consciência e emoções humanas.
- Ex Machina (2014): Aborda a questão da consciência artificial através de um teste psicológico com um robô humanoid.
- Her (2013): Explora a relação entre um homem e um sistema operacional projetado para atender às suas necessidades emocionais.
- Wall-E (2008): Embora não seja focado exclusivamente em IA, explora um futuro onde robôs são essenciais para a sobrevivência humana em um planeta devastado.
- I, Robot (2004): Baseado nas obras de Isaac Asimov, explora as interações entre humanos e robôs em uma sociedade futurista.
- Minority Report (2002): Investigação sobre previsão e controle social em um futuro onde crimes podem ser previstos por meio de tecnologia avançada.
- AI: Inteligência Artificial (2001): Um menino robô busca o amor incondicional em um mundo onde a humanidade está em declínio.
- O Exterminador do Futuro (1984): Um clássico que antecipa a ascensão da inteligência artificial e seus riscos, com um sistema chamado Skynet que se torna autoconsciente e ameaça a humanidade.
Esses filmes oferecem uma perspectiva única sobre a complexa relação entre humanos e máquinas, desafiando-nos a refletir sobre o que significa ser humano em um mundo cada vez mais automatizado.
A medida que a tecnologia avança, começamos a questionar ainda mais os limites entre humanos e máquinas. Qual é o seu pensamento sobre essa relação? Já pensou nisso?